Hoje vamos falar um pouco sobre as heranças da escravidão, mas especificamente a escravidão negra, que na realidade nunca acabou neste país, apenas vestiu novas roupas, se adaptou ao chamado progresso da nação, consentiu novas formas de se fazer presente nas estruturas sociais do Brasil. A cena descrita na pintura de Debret acima, data do século XIX, mas em pleno século XXI essas cenas ainda são comuns, agora as empregadas domésticas, em sua maioria negras, deixam seus filhos nas periferias das cidades para cuidar da casa e dos filhos da burguesia.
São mães que desde cedo convivem com a solidão, com a inquietação de não cuidar da educação de seus filhos, de não estarem presentes nos momentos em que eles precisam. E essa realidade ainda piora quando o Estado não faz a sua parte e as políticas públicas não atingem suas finalidades, ou seja, educação, saúde, segurança, moradia, lazer não chegam as periferias das cidades, e quando chegam a qualidade é desoladora. E nessa perspectiva quem chega com toda a "assistência" é o tráfico de drogas, a violência, a morte.
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Há quem diga no Brasil que somos um país sem racismo, que as questões raciais, que não se restringem apenas aos negros, é algo ultrapassado, que conseguimos viver harmonicamente com todos independente da cor da pele ou da classe social, gênero, mas isso é apenas um discurso fajuto de quem tem se privilegiado com essa realidade de exclusão há muito tempo. Mas as batalhas são diárias em todos os lugares, olhem a situação do índios do Brasil? São milhares morrendo por direitos que lhes pertence: pela vida, pela terra, pela sua identidade.
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Vejam a situação dos nossos presídios, a senzala só mudou de nome, segundo dados que são veiculados por institutos de pesquisas quase ou mais de 80% da população carcerária é preta, a maioria analfabeta que em função das muitas formas de exclusão chegam a esses lugares. Sempre quando falo isso muitas pessoas dizem que "todos temos escolhas, essas pessoas estão nessa vida por que escolheram os caminhos errados", mas devemos ser consciente das condicionalidades das escolhas, que nossa liberdade é condicionada, que os conhecimentos que chegam até nós são limitados, que as marcas da escravidão estão entranhadas em nossas vidas através do racismo que delimita nossa caminhada e nossas oportunidades.
Há muito a ser feito, a ser repensado, precisamos enxergar a diversidade de cores existentes, e que nenhuma é melhor ou pior do que a outra. É necessário valorizar a cultura, a história, a religião, as formas de sentir e de pensar as diversidades que tornam o Brasil um país exuberante.
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O racismo é sim uma realidade que no fazer e no discurso de muitos é algo natural e que deve permanecer assim, mas seguiremos em marcha e na luta pela equidade e por uma sociedade que não nos diminua pela cor de nossa pele. Que a escravidão ainda é uma realidade gritante em nosso país e que essas reflexões são necessárias para nos conscientizar e lutar...
Por Ana Paula de Lima
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