quarta-feira, 29 de julho de 2015

Intolerância Religiosa e as Religiões de Matriz Africana no Brasil


Baianas na Festa de Nosso Senhor do Bom Fim - Salvador/BA
Fonte: Google Imagens


          Os grandes males desse século se encontram na incapacidade do ser humano em aceitar o outro como ele é. Em compreender que cada indivíduo tem o direito de fazer suas escolhas de acordo com o que acredita ser o correto para as suas vidas, desde que isso não agrida seu semelhante. Na realidade esse é um mal que perdura desde os tempos mais remotos da humanidade, as maiores atrocidades ocorridas entre os humanos se deu justamente por essa impossibilidade de aceitar o outro, o mundo prefere viver no caos, na guerra do que encontrar as soluções para os problemas conjuntamente.
           Quando adentramos o campo das religiões as feridas são mais profundas e os atos mais brutais. Muitos matam, discriminam em nome de uma “verdade” que deveria ser libertadora, que deveria amar, entender, perceber que o mais importante é a vida e não a morte, que deveria olhar o mundo sob a ótica da paz e não da guerra.
       No Brasil a Constituição Federal de 1988, lei maior do Estado Brasileiro, diz que todos os indivíduos que vivem nesta nação têm o direito à liberdade de credo, ou seja, somos um país laico e cada cidadão pode ter a religião que achar melhor para sua existência, mas vivemos em um atraso ideológico, social e cultural que mostra o contrário. Existem aquelas religiões mais bem vistas e aceitas pelo povo brasileiro e há aquelas relegadas a marginalização de direitos e a situações que ferem a dignidade humana de escolha.
          A intolerância religiosa é um crime de ódio que fere a dignidade e a liberdade de expressão e de culto das pessoas. Recentemente com a popularização das redes sociais encontramos muitos discursos de ódio contra religiões específicas, aqui me detenho mais especificamente as de Matriz Africana, como o Candomblé, a Umbanda, a Culto a Jurema, entre outras denominações.
         Por séculos os adeptos dessas religiões precisaram esconder suas crenças e seus cultos por serem considerados “rituais macabros” ou coisas desse tipo, mas depois de tantas lutas, que ainda continuam, os cultos afro brasileiros ganharam status de religião e Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.
          A intolerância que ronda as religiões de Matriz Africana precisa ser seriamente combatida, e as escolas têm um papel fundamental nesse trabalho, sendo ela a responsável por construir os pilares de uma sociedade mais justa e igualitária. A educação ainda estar longe de cumprir seu papel, mas já caminhamos bastante, hoje, apesar da discriminação, dos atos de vandalismos, do preconceito e do racismo, nossos povos de terreiro estão presentes em espaços por tantas vezes negados, como as universidades, ambientes de discussão de políticas públicas, nas escolas, nas ruas reivindicando seus direitos.
        Avançamos na concretização de alguns direitos, mas ainda falta muito para que o “Povo de Branco”, o “Povo de Santo”, o “Povo do Axé” sejam tratados com o respeito e dignidade que merecem. E assim, construir um país melhor para cada indivíduo que aqui viva.


Ana Paula de Lima
Especialista em História e Cultura Afro Brasileira


segunda-feira, 27 de julho de 2015

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