Baianas
na Festa de Nosso Senhor do Bom Fim - Salvador/BA
Fonte: Google Imagens
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Os grandes males desse século se
encontram na incapacidade do ser humano em aceitar o outro como ele é. Em
compreender que cada indivíduo tem o direito de fazer suas escolhas de acordo
com o que acredita ser o correto para as suas vidas, desde que isso não agrida
seu semelhante. Na realidade esse é um mal que perdura desde os tempos mais
remotos da humanidade, as maiores atrocidades ocorridas entre os humanos se deu
justamente por essa impossibilidade de aceitar o outro, o mundo prefere viver
no caos, na guerra do que encontrar as soluções para os problemas
conjuntamente.
Quando adentramos o campo das religiões as feridas são mais profundas e
os atos mais brutais. Muitos matam, discriminam em nome de uma “verdade” que
deveria ser libertadora, que deveria amar, entender, perceber que o mais
importante é a vida e não a morte, que deveria olhar o mundo sob a ótica da paz
e não da guerra.
No Brasil a Constituição Federal de 1988, lei maior do Estado
Brasileiro, diz que todos os indivíduos que vivem nesta nação têm o direito à
liberdade de credo, ou seja, somos um país laico e cada cidadão pode ter a
religião que achar melhor para sua existência, mas vivemos em um atraso
ideológico, social e cultural que mostra o contrário. Existem aquelas religiões
mais bem vistas e aceitas pelo povo brasileiro e há aquelas relegadas a
marginalização de direitos e a situações que ferem a dignidade humana de
escolha.
A
intolerância religiosa é um crime de ódio que fere a dignidade e a liberdade de
expressão e de culto das pessoas. Recentemente com a popularização das redes
sociais encontramos muitos discursos de ódio contra religiões específicas, aqui
me detenho mais especificamente as de Matriz Africana, como o Candomblé, a
Umbanda, a Culto a Jurema, entre outras denominações.
Por séculos os adeptos dessas religiões precisaram esconder suas crenças e seus
cultos por serem considerados “rituais macabros” ou coisas desse tipo, mas
depois de tantas lutas, que ainda continuam, os cultos afro brasileiros
ganharam status de religião e Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.
A intolerância
que ronda as religiões de Matriz Africana precisa ser seriamente combatida, e
as escolas têm um papel fundamental nesse trabalho, sendo ela a responsável por
construir os pilares de uma sociedade mais justa e igualitária. A educação
ainda estar longe de cumprir seu papel, mas já caminhamos bastante, hoje,
apesar da discriminação, dos atos de vandalismos, do preconceito e do racismo,
nossos povos de terreiro estão presentes em espaços por tantas vezes negados,
como as universidades, ambientes de discussão de políticas públicas, nas
escolas, nas ruas reivindicando seus direitos.
Avançamos na concretização de alguns direitos, mas ainda falta muito para
que o “Povo de Branco”, o “Povo de Santo”, o “Povo do Axé” sejam tratados com o
respeito e dignidade que merecem. E assim, construir um país melhor para cada
indivíduo que aqui viva.
Ana Paula de Lima
Especialista em
História e Cultura Afro Brasileira
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